Quando é recomendado evitar o consumo de lácteos?

Certamente no dia a dia do consultório, alguma dessas perguntas já foi feita pelos seus pacientes: 

“Dr(a), leite faz mal à saúde?” 

“Tomar leite todo dia faz mal?” 

“Leite faz mal para o intestino?” 

“Mas afinal, o leite é prejudicial?” 

Essas e outras tantas dúvidas rondam a cabeça dos pacientes quando o assunto é leite e saúde, não é mesmo? Não é por menos – afinal, uma verdadeira enxurrada de informações (nem sempre verídicas!) vem sendo divulgada nos últimos tempos. 

Mas vamos aos fatos: o leite e seus derivados são alimentos que contêm nutrientes importantes para a população saudável, mas que devem ser consumidos com moderação, ou até mesmo excluídos, da alimentação de uma parcela de pessoas, como por exemplo, as alérgicas à proteína do leite e intolerantes à lactose. 

Entenda aqui cada um desses casos, e as recomendações para o consumo de lácteos: 

A importância do leite e seus derivados  

Antes de tudo, é preciso entender qual a contribuição que o leite e seus derivados – como queijos e iogurtes - podem trazer à saúde humana. 

Um dos minerais mais presentes neste grupo de alimentos é o cálcio. Esse mineral é fundamental para a saúde de ossos e dentes desde a infância, quando é essencial para o crescimento e desenvolvimento, até a melhor idade, quando as perdas desse mineral precisam ser repostas, com o objetivo de manter a densidade óssea, evitando assim quadros como a osteoporose. ¹ 

De acordo com a FAO, o leite é o principal alimento fonte de cálcio para a nutrição humana. ²

Os lácteos ainda podem ser considerados excelentes fontes de: 

- Riboflavina (vitamina B2) : vitamina que contribui para o metabolismo energético e para o transporte e metabolismo de ferro no organismo ³ 

- Vitamina A : desempenha inúmeras funções no corpo humano, tais como: manutenção e integridade dos processos visuais, síntese de hormônios, contribuição para o crescimento e desenvolvimento, função antioxidante e auxílio para o funcionamento adequado do sistema imune. ⁴ 

Além de vitaminas e minerais, os leite, queijos e iogurtes apresentam um perfil proteico interessante, contemplando todos os aminoácidos essenciais em quantidades significativas. ⁵ 

Assim, é possível notar que o leite e seus derivados apresentam uma composição nutricional de extrema importância para a saúde humana. No entanto, existem condições de saúde que requerem um consumo controlado (ou mesmo a exclusão total) desse tipo de alimentos. Dentre esses casos estão os intolerantes à lactose e os alérgicos à proteína do leite de vaca, cujos sintomas serão detalhados a seguir. 

Intolerância à lactose x alergia à proteína do leite de vaca 

A intolerância à lactose é uma condição que afeta cerca de 75% pessoas ao redor do mundo, sendo caracterizada pela dificuldade em metabolizar a lactose (açúcar naturalmente presente no leite) devido a uma deficiência (baixa ou total) na produção da enzima lactase. ⁶ 

Já a alergia à proteína do leite de vaca atinge o sistema imune, desencadeando uma série de mecanismos de ação contra o antígeno – neste caso, as proteínas do leite de vaca, tais como caseína, soroalbumina e imunoglobulina. ⁶ 

Abaixo seguem os sintomas mais comuns de cada uma dessas condições: ⁶ 

Quais as recomendações para pessoas que precisam controlar o consumo de lácteos? 

De forma geral, os intolerantes à lactose não precisam excluir leite e seus derivados da alimentação. É possível consumi-los em quantidades controladas, e que devem ser estipuladas junto a um profissional da saúde, que por sua vez deve se atentar às variações individuais.6 De acordo com diferentes estudos sobre o assunto, uma ingestão de lactose que varie entre 0,5 a 7,0g por dia parece ser bem tolerada por esta população. ⁷ 

Para pessoas alérgicas à proteína do leite de vaca, a recomendação é de que o leite e seus derivados sejam excluídos da alimentação, com o objetivo de preservar a função da barreira intestinal, evitando-se assim respostas do sistema imune decorrentes da presença da proteína do leite de vaca. ⁶ 

Alternativas ao leite e derivados 

Mesmo com consumo controlado ou mesmo com a exclusão de lácteos da dieta, é possível fazer com que o paciente atinja a recomendação diária de nutrientes presentes no leite e seus derivados. 

Isso porque existem atualmente no mercado diferentes opções de produtos que podem ser consumidos por quem segue uma dieta com restrição ao consumo desses alimentos, tais como: 

É importante ressaltar que a exclusão ou redução no consumo de lácteos para indivíduos que não tenham condições especiais de saúde (como intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite de vaca) não oferece benefícios ao paciente, não sendo recomendada inclusive por sociedades médicas. ⁸ 

Por fim, é preciso salientar que o acompanhamento médico e/ou nutricional é essencial para que haja um controle eficaz dos sintomas, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida ao paciente.