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12 de agosto, 2022

Desmistificando o açúcar do leite

Confira tudo sobre o leite, seus nutrientes e tire dúvidas sobre a lactose
Desmistificando o açúcar do leite
Desmistificando o açúcar do leite

O leite é composto por carboidratos, proteínas de alto valor biológico, vitaminas e minerais, nutrientes fundamentais para a alimentação humana. Entre seus açúcares, destaca-se a lactose, que é um dissacarídeo.¹ 

O primeiro alimento do ser humano é o leite materno, o qual contempla nutricionalmente todas as necessidades individuais de forma exclusiva até o sexto mês de vida.² Então, os laticínios tornam-se parte importante da alimentação em todas as fases da vida, sendo um dos alimentos mais conhecidos e populares no mundo. Portanto, vamos desmistificar o açúcar deste componente lácteo que ainda gera dúvidas.  

Lactose – metabolismo e absorção 

O principal açúcar presente no leite é a lactose, dissacarídeo constituído por um monômero de galactose e outro de glicose, que é produzida na glândula mamária dos mamíferos. Este carboidrato contribui de forma importante para o aumento da absorção intestinal de fósforo, magnésio, cálcio e micronutrientes presentes em sua composição.³ 

A digestão da lactose ocorre no intestino e implica na presença da enzima lactase, a qual está presente na borda em escova dos enterócitos, com sua maior expressão localizada no jejuno médio. 4 

A lactase hidrolisa a lactose em dois monossacarídeos: a galactose e a glicose. A expressão desta enzima pode ser modificada com o tempo. Sua produção inicia a partir da oitava semana de gestação e atinge seu pico ao nascimento.

Hipolactasia e intolerância ao açúcar do leite 

O termo hipolactasia se refere à deficiência da enzima lactase, condição a qual pode levar à má absorção de lactose. Ou seja, é a digestão ineficiente deste dissacarídeo. 5 Entenda no quadro a seguir a definição de intolerância à lactose e outras condições onde o açúcar do leite não pode ser digerido.  

Fonte: Adaptado de Fassio, 2018 5

Deficiência da enzima lactase  

A deficiência da lactase pode ser classificada como 5

  • Deficiência congênita da lactase (alactasia) – extremamente rara, ocorrendo quando a criança nasce sem a capacidade de produzir lactose; 
  • Deficiência primária à lactose (hipolactasia do adulto) - perda progressiva da produção de lactase ao longo da vida, dos 2-5 anos, dependendo da etnia; 
  • Deficiência secundária à lactose ou hipolactasia secundária - quando acontece perda da capacidade de produzir lactase por algum fator desencadeante não sendo necessariamente de ordem genética, como danos a mucosa do intestino, quadros de diarreia, gastroenterite, entre outros.  

Sintomas da intolerância à lactose  

Os principais sintomas da intolerância aos açúcares presentes no leite envolvem a parte gastrointestinal, sendo os mais comuns deles 5

  • Dor abdominal; 
  • Distensão abdominal; 
  • Flatulência;  
  • Diarreia; 
  • Constipação; 
  • Náusea e vômitos. 

Lactose – Retirar ou não da dieta? 

Para indivíduos com intolerância à lactose, devidamente diagnosticados por médicos e nutricionistas, o principal tratamento é a restrição aos alimentos que contém o dissacarídeo, de acordo com a intolerância de cada. É sugerido que pessoas com intolerância à lactose geralmente tolerem até 250 mL de leite (12 g de lactose) sem sintomas. O tratamento visa melhorar os sintomas do paciente e qualidade de vida e pode compreender o uso de laticínios com a enzima lactase, que é o caso dos produtos zero lactose. 4,5 

De acordo com a ciência e posicionamento de algumas sociedades e conselhos, a restrição da lactose é estritamente recomendada apenas indivíduos com alguma condição clínica de intolerância. Atualmente, não há evidência científica suficiente que corrobore com a teoria para que indivíduos saudáveis retirem a lactose da dieta. 4-6 

Referências Bibliográficas

1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO (SBAN). A importância do consumo de leite no atual cenário nutricional brasileiro, 2015. Disponível em: http://www.sban.org.br/uploads/DocumentosTecnicos20200213042544.pdf . Acesso em: 21 fev 2022 

2. BALLARD, O.; MORROW, A.L. Human milk composition: nutrients and bioactive factors. Pediatric clinics of North America, v. 60, n. 1, p. 49–74, 2013. 

3. FAO. Food and Agriculture Organization. Milk and dairy products in human nutrition. Rome; 2013. 

4. MISSELWITZ, B. BUTTER, M; VERBEKE, K; FOX, M.R. Update on lactose malabsorption and intolerance: pathogenesis, diagnosis and clinical management. Gut, v. 68 ,n. 11, p. 2080-2091, 2019 

5. FASSIO, F.; FACIONE, M.S.; GUAGNINI F. Lactose Maldigestion, Malabsorption, and Intolerance: A Comprehensive Review with a Focus on Current Management and Future Perspectives. Nutrients, v. 10, n. 11 p. 1599,2018 

6. BRASIL. Conselho Regional de Nutricionista. Parecer Técnico CRN-3 nº 10/2015. Restrição ao Consumo de Glúten. Disponível em: < http://crn3.org.br/legislacao/pareceres-tecnico />. Acesso em: 21 fev 2022. 


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"O MINISTÉRIO DA SAÚDE INFORMA: O ALEITAMENTO MATERNO EVITA INFECÇÕES E ALERGIAS E É RECOMENDADO ATÉ OS 2 (DOIS) ANOS OU MAIS.”