Você provavelmente já deve ter visto uma criança que escolhe muito o que come e, por consequência, acaba comendo poucos alimentos no dia a dia.
A partir dos 12 meses, é comum que a criança apresente um comportamento chamado “neofobia”, o medo do novo. Esse comportamento pode levar à maior seleção de alimentos, e costuma ter um pico por volta dos 2 anos de idade1.
Se não for bem conduzida ou a depender de outras questões envolvidas, a seletividade alimentar pode persistir e impactar na saúde. Saiba mais sobre este assunto, como prevenir e como tratar!
A importância de uma alimentação variada
Ter uma
alimentação saudável é essencial para a saúde, durante toda a vida. Contribui decisivamente para o crescimento, desenvolvimento, desempenho e produtividade, assim como para a manutenção da saúde e do bem-estar
1. Uma boa alimentação também auxilia a prevenir a má nutrição e doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes, doenças cardiovasculares e câncer
2.
Garantir a variedade é um ponto fundamental para ter uma alimentação adequada e saudável. Quanto mais variada e
colorida a alimentação, maior o aporte de nutrientes importantes para o bom funcionamento do organismo e para a saúde
3.
Apesar da importância de uma alimentação variada, a monotonia alimentar pode estar presente no dia a dia de muitas crianças e até mesmo adultos. A restrição de uma alimentação variada ao consumo de poucos alimentos é o que acontece na seletividade alimentar. Entenda a seguir!
O que é seletividade alimentar?

A seletividade alimentar é caracterizada pela recusa persistente ou predileção por cores, cheiros, sabores, texturas e consistências específicas1. É muito comum na infância e, em alguns casos, pode até permanecer até a vida adulta4.
Neste contexto, a criança (ou o adulto) restringe os tipos de alimentos que consome e aceita apenas alimentos ou preparações muito específicas. É diferente de simplesmente “não gostar de um alimento ou outro”, pois há um padrão repetitivo, que pode limitar bastante a variedade da dieta e impactar a saúde a longo prazo1.
A alimentação seletiva pode ocorrer tanto em crianças com desenvolvimento normal, como naquelas com alguma doença ou distúrbios de desenvolvimento1.
A seletividade de alimentos pode ser leve ou mais intensa. Em casos de crianças altamente seletivas, pode haver privação do consumo de nutrientes essenciais ao crescimento e desenvolvimento, como as
vitaminas, minerais como o zinco e ferro, ou proteínas. Quando não há tratamento adequado e resolução no tempo esperado, pode ocorrer comprometimento importante do estado nutricional
1.
É preciso ficar atento: estudos indicam que a seletividade alimentar é comum, com até 50% das crianças pequenas podendo apresentar esse comportamento em algum momento da vida5.
O que causa a seletividade?
De modo geral, existem algumas razões que podem levar à seletividade alimentar1,5:
- Fase de desenvolvimento: crianças pequenas naturalmente passam por momentos de neofobia alimentar (medo ou recusa de novos alimentos);
- Questões sensoriais: textura, cor e cheiro podem causar estranhamento;
- Experiências anteriores: pressões na hora de comer ou episódios de engasgo podem reforçar a recusa;
- Fatores emocionais e familiares: o ambiente das refeições pode influenciar de forma negativa na aceitação alimentar.
Da infância à vida adulta – quando a seletividade persiste
A seletividade alimentar pode impactar não só o crescimento e a nutrição imediata, mas também o relacionamento com a comida no futuro. Crianças que rejeitam muitos alimentos tendem a manter uma dieta monótona, o que pode se transformar em restrições persistentes, baixa diversidade alimentar e até maior risco de desenvolver um transtorno alimentar ou ter uma alimentação seletiva também na vida adulta5.
Assim, os distúrbios alimentares na adolescência e na idade adulta podem, às vezes, refletir uma alimentação que foi seletiva na infância. Um estudo que analisou o padrão alimentar de adultos jovens, os quais tiveram alguma dificuldade alimentar na infância, constatou que nesse grupo a ingestão de frutas, vegetais e grãos integrais era menor e a de alimentos como salgadinhos e bebidas açucaradas era maior1.
Este estilo alimentar está relacionado com desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, que aumentam os riscos de saúde na idade mais avançada1.
Como evitar e lidar com a seletividade alimentar?

A melhor forma de evitar a seletividade alimentar, é cuidar para garantir uma
introdução alimentar adequada
6.
Garantir
momentos prazerosos na hora da refeição, não forçar a alimentação e comer junto com as crianças, desde o início da introdução alimentar, pode ajudar a estabelecer uma boa relação com os alimentos
6.
Uma vez estabelecida a seletividade alimentar, é importante continuar garantindo um ambiente prazeroso e tranquilo durante as refeições. Não forçar a ingestão de alimentos, mas sempre estimular. Variar a forma de preparo, incluir a criança na elaboração de receitas e ser o exemplo são alguns pontos principais7.
Muitas vezes, é importante um cuidado multiprofissional, com profissionais da saúde que possam realizar o manejo e avaliar a possível necessidade de suplementação1.
Em casos de deficiências nutricionais, a suplementação nutricional é recomendada1, mas sempre após avaliação e prescrição de um profissional habilitado!
A seletividade alimentar é comum e, muitas vezes, passageira. Entretanto, quando persiste pode trazer riscos nutricionais e merece atenção. Com paciência, estratégias adequadas e, quando necessário, com o apoio de suplementos de qualidade, é possível garantir o crescimento saudável e a boa nutrição.