A cafeína é uma substância natural, pertencente ao grupo dos alcaloides e presente em diversas bebidas e alimentos habitualmente consumidos pela população, tais como café, chás, cacau e guaraná1,2.
É considerada uma das substâncias psicoativas mais consumidas pela população mundial, com cerca de 90% dos adultos dos países ocidentais tendo seu consumo de forma regurar2. A ingestão de cafeína é feita principalmente através do café, mas o consumo de bebidas energéticas contendo a substância tem crescido de forma substancial nas últimas duas décadas2,3,4.
Dado à sua popularidade e ao consumo expressivo pela população, é importante que os profissionais da saúde saibam orientar um consumo seguro de cafeína para os pacientes, assim como os seus reais benefícios, indicações e cuidados.
Os benefícios da cafeína
O consumo moderado de cafeína por adultos é considerado seguro e oferece diversos benefícios. Entre eles, destacam-se a melhora da performance esportiva, da função cognitiva, do estado de alerta e redução da percepção de fadiga5.
Além disso, a cafeína possui propriedades antioxidantes e ação neuroprotetora, estando relacionada com a prevenção de doenças neurodegenerativas, como demência, Mal de Parkinson e Doença de Alzheimer6.
Indicações de consumo
A cafeína pode ter efeitos interessantes dependendo da necessidade de cada paciente:
- Aumento de energia e performance mental
Devido ao efeito estimulante do sistema nervoso central, a cafeína pode auxiliar no aprendizado e na memória. A cafeína consumida em dose única de 50 a 100 mg pode aumentar a energia, o estado de alerta e a habilidade de foco e concentração1.
Doses de 3 a 6 mg de cafeína/kg de peso corporal favorecem a melhora da função cognitiva e mental5.
A cafeína é uma substância muito utilizada por atletas, devido ao seu efeito ergogênico amplamente conhecido7.
As recomendações atuais para o uso de cafeína no esporte sugerem uma dose moderada, de 3 a 6 mg/kg de peso corporal, 60 minutos antes do treino2,7. Essa dose é capaz de promover benefícios à performance esportiva, como melhora da atenção, precisão e velocidade, com baixa prevalência e baixa intensidade de efeitos colaterais5,7. Por outro lado, o uso de doses maiores pode promover maior predisposição a problemas de saúde, como eventos cardiovasculares7.
A prescrição da dose adequada pode ser feita por meio de cápsulas, bebidas energéticas/esportivas ou até mesmo gomas7.
Cuidados e a importância da avaliação individual
A dose máxima recomendada de cafeína é de 400 mg por dia9. Doses maiores, entre 400 e 800 mg por dia, podem causar sintomas adversos, tais como ansiedade, tremores, insônia e taquicardia1.
O impacto da cafeína é individual, uma vez que algumas pessoas podem ser mais sensíveis aos seus efeitos. Além disso, condições de saúde individuais e o uso de medicamentos também podem alterar a dose ideal e recomendada para cada paciente. Portanto, a avaliação individual é fundamental!
A cafeína não deve ser recomendada para pacientes com hipertensão ou outras doenças cardiovasculares, devido à sua ação vasoconstritora1.
- Enxaqueca e dores de cabeça
Os pacientes que possuem enxaqueca podem se beneficiar ao evitar a cafeína, uma vez que para alguns essa substância pode ser um gatilho para as crises1.
Os pacientes que não possuem enxaqueca, mas que são sensíveis à cafeína, devem ser orientados a limitar o consumo a 200 mg ao dia, de modo a prevenir os episódios de dores de cabeça1.
De acordo com o Ministério da Saúde, as gestantes devem limitar o consumo de cafeína a uma dose diária máxima de 100 mg8. Porém, de acordo com alguns estudos recentes, é recomendado que a gestante evite ao máximo o consumo4.
Tendo em vista a sua ação estimulante, para que não haja interferência na qualidade do sono dos pacientes, é válido recomendar que o consumo da cafeína não seja feito a noite ou próximo a hora de dormir, mas sempre levando em consideração a tolerância e características individuais de cada paciente5.
A cafeína presente no dia a dia dos pacientes
Veja abaixo alguns exemplos de quantidade de cafeína por bebidas e alimentos usualmente consumidos5,10.
Café expresso (60 ml): 80 mg
Café filtrado (200 ml): 90 mg
Chá preto (220 ml): 40 - 50 mg
Chá verde (200 ml): 30 mg
Refrigerante tipo cola (355 ml): 40 mg
Chocolate amargo (25 g): 13 mg
É importante sempre levar em consideração o consumo habitual de cada paciente, levantando na anamnese as fontes de cafeína que fazem parte da rotina de cada um. Assim, pode ser feita uma estimativa de consumo diário habitual, a necessidade de redução ou substituição de fontes de cafeína e o cálculo adequado de uma dose de suplementação, caso haja busca ou necessidade por parte do paciente.