Sabe-se que o ser humano já nasce com predisposição a gostar mais de sabores doces, e isso parece estar mais acentuado na população brasileira. De acordo com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2017-2018), 85,4% da população brasileira tem utilizado açúcar adicional para adoçar alimentos e bebidas, o que representa um consumo elevado, mas uma redução quando comparado à pesquisa anterior de 2008-2009.1
Para evitar que a ingestão excessiva cause consequências à saúde, o profissional nutricionista, em sua orientação, pode considerar interessante a inclusão de edulcorantes para ofertar o dulçor à alimentação do paciente. Dentre os inúmeros edulcorantes disponíveis, há as opções naturais, e que podem ser utilizadas por diferentes perfis de indivíduos – duas delas são a stevia e a sucralose. Quais as diferenças entre eles?
Stevia
Originada de uma planta conhecida como Stevia rebaudiana Bernoti, há registros de que os índios já utilizavam stevia para adoçar bebidas amargas.2
Algumas características desse adoçante são:2
- Não possui valor calórico;
- Pode ser utilizado em diferentes receitas, já que é estável em temperaturas mais elevadas;
- Não cristaliza;
- Não contribui para a formação de cáries dentárias;
Os glicosídeos de esteviol não são digeridos no trato gastrointestinal superior. São degradados apenas quando entram em contato com a microbiota do cólon, tendo removidas as porções de açúcar, deixando para trás a estrutura do esteviol, sendo excretada pela urina em humanos.3
As porções de açúcar liberadas não são absorvidas e são provavelmente rapidamente utilizadas pelos micro-organismos intestinais como fonte de energia, tornando-o assim um adoçante com zero calorias. Por fim, é válido dizer que estudos apontam que durante o processo de metabolismo da stevia, não há nenhum tipo de alteração na microbiota intestinal.3
Sucralose
A sucralose é um edulcorante descoberto em 1976 proveniente da cana-de-açúcar, com um poder adoçante 600x maior que a sacarose.4,5
Confira abaixo algumas das características da sucralose:4,5
- Não possui valor calórico;
- Tem sabor parecido com o do açúcar, o que facilita sua aceitação.
Em relação ao metabolismo, a sucralose é pouco absorvida e chega inalterada ao trato gastrointestinal inferior, sendo excretada principalmente nas fezes. Embora seja possível pensar que a sucralose possa modificar a composição da microbiota intestinal, ela é pouco metabolizada pelas bactérias intestinais e estudos recentes realizados com humanos já verificaram que o consumo desse edulcorante não leva a alterações.5
Como é possível observar, a stevia e a sucralose são opções interessantes de adoçamento, e podem ser incluídas na alimentação de diferentes tipos de pacientes, visando um melhor controle do consumo de açúcares, bem como a prevenção de possíveis efeitos de uma ingestão excessiva. Assim, o indicado é verificar junto ao paciente qual opção melhor se adequa à sua preferência, e desta forma, garantir uma melhor adesão.