< Voltar para Conteúdos
30 de outubro, 2025
- Por Acervo Grupo Piracanjuba

Meu filho não come vegetais, o que fazer?

Compartilhe
Meu filho não come vegetais, o que fazer?
A frase "meu filho não come vegetais" é frequente nas conversas entre mães, em consultórios médicos e em textos na internet. Essa preocupação, compartilhada por muitos pais, traz receios de que a criança desenvolva hábitos alimentares que possam prejudicar a saúde, por não consumir as quantidades necessárias de alimentos nutritivos, essenciais para o crescimento e desenvolvimento adequados. Ela levanta uma questão importante: por que tantas crianças rejeitam os vegetais e como podemos lidar com isso de forma eficaz?

Primeiro, é importante entender que a rejeição a alguns alimentos é uma fase normal na vida da criança1. A rejeição pode acontecer com novos alimentos e até mesmo com alimentos que a criança costumava gostar, mas essa situação é uma fase passageira, que irá se ajustando caso os alimentos continuem a ser oferecidos ou apresentados de maneiras variadas1.

Apesar disso, algumas reflexões também podem servir como ponto de partida para entender o comportamento das crianças em relação aos vegetais, avaliando o ambiente em que elas estão inseridas, como por exemplo1:

Como é a alimentação da família dentro de casa?
Como os vegetais são apresentados para essa criança?
A criança come pouco ou a quantidade oferecida é grande demais?
Há a oferta de recompensas (como guloseimas) ou chantagens para fazer com que a criança coma?

Para que as crianças aprendam a apreciar legumes e vegetais, uma visão positiva em relação a esses alimentos precisa ser introduzida pelos pais e cuidadores, que também devem entender a importância e o papel desse grupo alimentar na saúde e no dia a dia.

Compreendendo o grupo dos vegetais!


Conhecer os alimentos, saber de onde vêm e quais são suas funções no organismo são pontos-chave para criar uma maior familiaridade e aceitação por parte das crianças. Os vegetais, muitas vezes negligenciados tanto por adultos quanto por crianças, são essenciais para o bom funcionamento do organismo e para a prevenção de problemas de saúde futuros, estando associados à prevenção de doenças cardíacas, obesidade, depressão, cânceres, entre outras doenças crônicas2. Segundo o IBGE, há um consumo insatisfatório de nutrientes encontrados em frutas e hortaliças pelas famílias brasileiras, como a vitamina A, vitaminas do complexo B, vitamina C e magnésio3.

Diante desses resultados insatisfatórios, algumas ações são necessárias para mudar esse quadro. No caso das crianças, o primeiro ambiente a ser ajustado, por sua influência direta, é o lar. O exemplo familiar é fundamental para estimular o consumo de vegetais pelos filhos, que aprendem muito por meio da observação e participação, tornando-se mais engajados e interessados no assunto1,4.

Como mudar este cenário


A inclusão de legumes e verduras nas refeições das crianças é essencial, tanto no almoço quanto no jantar. Eles podem ser apresentados de diversas formas, em diferentes preparações e texturas. É importante que essa inclusão seja feita de forma repetitiva, tornando o consumo desses alimentos um hábito diário, mesmo que inicialmente haja resistência5.

Para uma aceitação mais positiva, comece estimulando o consumo de vegetais em combinação com outros alimentos, como omeletes, arroz, carne com legumes e tortas. Também é possível adicionar molhos e temperos naturais para realçar os sabores e torná-los mais palatáveis nesta fase5.

O papel dos pais e cuidadores é essencial nesse processo, e algumas estratégias são essenciais para facilitar a aceitação e inclusão dos vegetais nas refeições das crianças. São elas1,5:

Prestar atenção às próprias práticas alimentares dos pais e responsáveis, lembrando sempre que eles são o exemplo;

Valorizar qualquer tipo de consumo de legumes e vegetais, mesmo que em pequenas quantidades;

Avaliar a quantidade oferecida – muitas vezes, há comida demais no prato e quando a criança não consegue comer tudo fica a impressão que ela aceitou pouco;

Incluir as crianças na preparação das refeições, aumentando o contato delas com a cozinha e com as práticas culinárias;

Diversificar a apresentação dos alimentos e pratos, como preparações quentes, frias, cruas, assadas, refogadas, sopas, purês;

Considerando as condições financeiras, visitar a feira no final do dia, quando os preços são melhores, e ficar de olho nas promoções em atacadões, mercados populares e produtores locais. Se possível, deixe que a criança participe da escolha dos vegetais que serão adquiridos;

Evitar o uso de chantagens ou recompensas para que a criança coma, além de não forçar ou brigar caso ela recuse. Ofertar em outro momento, com outra apresentação e forma de preparo pode auxiliar na aceitação. O importante é não deixar de oferecer!

Mesmo com todas as dicas, sugestões e orientações, é fundamental lembrar que desafios sempre surgirão. Ensinar e/ou reaprender novos hábitos alimentares é um trabalho constante! Todos fazem parte da construção de novos padrões que, se repetidos diariamente, trarão benefícios significativos para a saúde de seu filho e, quem sabe, de toda a família!


Referências Bibliográficas
[1] Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.

[2] Folkvord F, Naderer B, Coates A, Boyland E. Promoting Fruit and Vegetable Consumption for Childhood Obesity Prevention. Nutrients. 2022 Jan 1;14(1):157.

[3] IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018 – POF. Rio de Janeiro, 2020.

[4] Clark H, Coll-Seck AM, Banerjee A, Peterson S, Dalglish SL, Ameratunga S, et al. The Lancet Commissions A future for the world’s children? A WHO-UNICEF-Lancet Commission Executive summary. 2020;395:605–58.

[5] Ministério da Saúde. Fascículo 4: protocolos de uso do guia alimentar para a população brasileira na orientação alimentar de crianças de 2 a 10 anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.



Compartilhe

Acervo Grupo Piracanjuba
Escrito por
Acervo Grupo Piracanjuba
Texto produzido por fontes especializadas, e publicado pela Piracanjuba com fins informativos.

Faça o download em PDF do artigo
Logo H&N

Com a Piracanjuba Health & Nutrition, você, profissional de saúde, tem acesso a conteúdos exclusivos

Acesse nossos conteúdos científicos

“O MINISTÉRIO DA SAÚDE INFORMA: APÓS OS 6 (SEIS) MESES DE IDADE, CONTINUE AMAMENTANDO SEU FILHO E OFEREÇA NOVOS ALIMENTOS.”

"O MINISTÉRIO DA SAÚDE INFORMA: O ALEITAMENTO MATERNO EVITA INFECÇÕES E ALERGIAS E É RECOMENDADO ATÉ OS 2 (DOIS) ANOS OU MAIS.”