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Acervo Piracanjuba
Por Acervo Piracanjuba
11 de novembro, 2024

O que é "comer intuitivo"? Conheça mais sobre essa ferramenta

Uma estratégia que auxilia os seus pacientes a confiarem nos sinais do corpo e a melhorarem a relação com a comida. Confira detalhes a seguir!
O que é "comer intuitivo"? Conheça mais sobre essa ferramenta
O que é "comer intuitivo"? Conheça mais sobre essa ferramenta

Dietas restritivas e seus impactos na saúde  


A chamada “mentalidade de dieta” e a prática de restrições alimentares com o intuito de perder peso são comportamentos que podem ser prejudiciais à saúde, além de não promoverem uma perda de peso sustentável1.  

Esse contexto pode levar ao “comer transtornado”, que engloba comportamentos alimentares disfuncionais em relação à comida e ao corpo, podendo evoluir para um transtorno alimentar1,2

Diante deste cenário, a adoção de estratégias para melhorar o relacionamento dos pacientes com os alimentos, levando a hábitos e comportamentos alimentares saudáveis e sustentáveis, pode ser uma forma de atuação muito relevante na prática clínica. Uma dessas estratégias é chamada de “comer intuitivo”, a qual vamos abordar com mais detalhes a seguir. 

 

O que é “comer intuitivo”? 


O “comer intuitivo” é uma estratégia alternativa às orientações nutricionais tradicionais3,4, que tem maior foco em planejamentos alimentares que incluem alimentos e porções específicas. Criado por duas nutricionistas americanas em 1995, tem como objetivo proporcionar uma mudança de comportamento alimentar sustentável, devido às grandes dificuldades e frustrações encontradas no formato tradicional e prescritivo3,4,5

Essa estratégia tem sido vastamente estudada e as evidências apontam resultados muito interessantes para a evolução dos pacientes em relação à saúde e hábitos alimentares6, tais como: 

- Redução do comer transtornado; 

- Maior aceitação corporal e diminuição dos ideais de magreza; 

- Melhora da autoestima e da autoaceitação; 

- Aumento da variedade alimentar; 

- Aumento do prazer em comer; 

- Melhora da relação com a comida. 

Além disso, apesar de não ser o foco do “comer intuitivo”, alguns estudos também constataram benefícios clínicos, como a redução de triglicérides, aumento de HDL e redução do IMC, devido às mudanças comportamentais adquiridas e, consequentemente, melhora do hábito alimentar6




Os 10 princípios do “comer intuitivo” 


Na prática do “comer intuitivo”, sendo os principais objetivos devem ser a melhora da percepção corporal e o respeito aos sinais internos de fome e saciedade, normalizando a relação com a comida3,4,7. Para isso, foram definidos 10 princípios básicos da estratégia7

1) Rejeitar a mentalidade de dieta – dispensar livros, revistas e materiais que incentivem restrições alimentares e dietas; 

2) Honrar a sua fome – compreender os sinais biológicos de fome e manter o corpo alimentado adequadamente, evitando momentos de fome extrema onde a possibilidade de consciência sobre a saciedade ficará reduzida; 

3) Fazer as pazes com a comida – evitar o pensamento de alimentos “proibidos”, que causam sensação de privação e podem levar a um consumo compulsivo e culpa; 

4) Desafiar o policial alimentar – deixar de promover autoacusações e monitorar regras alimentares irracionais criadas pelo pensamento de dieta; 

5) Descobrir o fator satisfação – redescobrir na alimentação uma experiência que proporciona prazer e satisfação física e emocional; 

6) Respeitar a sua saciedade – entender os sinais de saciedade, estando consciente do ponto da refeição no qual está confortavelmente saciado; 

7) Lidar com as emoções sem usar alimentos – perceber quando o impulso de comer é promovido como forma de apaziguar sentimentos como tédio, ansiedade ou raiva e aprender a lidar diretamente com a fonte desses sentimentos; 

8) Respeitar o seu corpo – aceitar o corpo, evitando pensamentos excessivamente críticos e expectativas irreais em relação a ele; 

9) Praticar atividades físicas: sentindo a diferença – praticar o exercício como fonte de bem-estar e com foco na motivação e em como a pessoa se sente ao praticá-lo, ao invés de focar na queima de calorias; 

10) Honrar a sua saúde com uma nutrição gentil – fazer escolhas alimentares que respeitem o bem-estar, os gostos pessoais e a cultura alimentar, sem regras rígidas para cada refeição e entendendo que a saúde é resultado de um comportamento consistente ao longo do tempo. 

 

Aprender a respeitar os primeiros sinais de fome e saciedade, assim como desconstruir os rótulos de alimentos “permitidos” e “proibidos”, determina a reconstrução do autoconhecimento e um bom relacionamento com os alimentos3,4,7

Garantir que o corpo receba um aporte adequado de energia e nutrientes, mas que também tragam satisfação e prazer, faz com que a comida atenda não só às suas funções fisiológicas, mas também as funções emocionais e sociais, levando a um maior equilíbrio nas escolhas e quantidades consumidas3,4,7

Os princípios do “comer intuitivo” podem ser trabalhados com cada paciente de forma individualizada e progressiva, levando em consideração qual deles é de maior atenção e merece ser trabalhado no momento, de acordo com a anamnese realizada. 

É claro que, na prática clínica, pode ser feita uma mescla de estratégias, sempre prezando pela individualidade, objetivos e necessidade de cada paciente. Como o objetivo final é a adesão, boa evolução e saúde dos pacientes, pode valer a pena tentar uma estratégia tão relevante como o “comer intuitivo”, não é mesmo?



Referências Bibliográficas
[1] Neumark-Sztainer D, Wall M, Larson NI, Eisenberg ME, Loth K. Dieting and Disordered Eating Behaviors from Adolescence to Young Adulthood: Findings from a 10-Year Longitudinal Study. Journal of the American Dietetic Association. 2011 Jul;111(7):1004–11. 

[2] Hazzard VM, Telke SE, Simone M, Anderson LM, Larson NI, Neumark-Sztainer D. Intuitive eating longitudinally predicts better psychological health and lower use of disordered eating behaviors: findings from EAT 2010–2018. Eating and Weight Disorders - Studies on Anorexia, Bulimia and Obesity. 2020 Jan 31;26(1). 

[3] Figueiredo M, Alvarenga M. Estratégias do Comer Intuitivo para uma relação saudável com a comida. Editora Manole, 2022. 

[4] Alvarenga M, Figueiredo M. Comer Intuitivo. In: Alvarenga M, Figueiredo M, Timerman F, Antonaccio CMA. Nutrição Comportamental. 2 ed. Barueri: Manole; 2019. p.227-56 

[5] Tribole E. What is Intuitive Eating?. Intuitive Eating. 2018. Disponível em: https://www.intuitiveeating.org/what-is-intuitive-eating-tribole/. Acesso em 29 de agosto de 2024. 

[6] Van Dyke N, Drinkwater EJ. Relationships between intuitive eating and health indicators: literature review. Public Health Nutr. 2014; 17:1757-66. 

[7] 10 Principles of Intuitive Eating. Intuitive Eating. Disponível em: https://www.intuitiveeating.org/about-us/10-principles-of-intuitive-eating/. Acesso em 29 de agosto de 2024.



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Texto produzido por fontes especializadas, e publicado pela Piracanjuba com fins informativos.

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